segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Português está a entupir-me as veias

Amanhã por esta hora já estarei despachada deste primeiro suplício... mas caramba o que me tem sugado e desalentado hoje esta disciplina... Divago nas matérias e reconheço-me ou não nelas... Fernando Pessoa refugia-se na nostalgia do bem perdido... recorre à infância, aos sonhos, à noite e à música pra fugir aos desaforos da sua vida e pra correr pra não perceber o absurdo da existência. Eu sou como ele... mas onde andam essas lembranças hoje? Na verdade não acredito que seja um absurdo viver e existir. Eu tenho um propósito em cá andar... Gostava muito de hoje ser Alberto Caeiro... Sensacionista efémero que só vive do que vê. Pensar não é com ele.... e se isso não lhe rouba metade das chatices... o nosso problema é pensar... nos prós, nos contras, no que vem, no que foi... O Reis apesar de me dar muito, mas mesmo muito cocó tem uma realidade epicurista que me fascina... procura viver o que pode mediante as capacidades que tem... tenta chegar ao fundo da questão pra descobrir o fundo e rasgar com os medos dele... o lado estoicista não me interessa mas hoje era confortável... esperar que o destino faça o que tem a fazer e pronto. (não sou menina de ficar de braços cruzados...daí o meu baralhamento todo hoje =s) E um bocadinho de ópio como o Álvaro de Campos??? Dele só escapa isso. É demasiado decadente, depois tem outra fase que me trás um nervosismo tremendo, o futurismo; no fim volta a estar cansado de tanta euforia... esse não sabe o que quer... eu sei. "Mensagem"... ai Senhor, dás-me tantas... Já Fernando Pessoa não sei. Das três partes em que posso dividir o livro, Brasão, Mar Português e O Encoberto, só nesta última é que me posso ver. Não sou personagem história e nem desbravei mares longínquos ou descobri o caminho marítimo pra Índia. Posso fazer muitas descobertas de mim mesma, mas hoje estou tapada com tanto parkinson que me corre nas veias. No sebastianismo não me encontro, mas o lado do mítico, das nuvens e do cérebro nublado está bem patente. "Os Lusíadas". Ai Camões, fizeste uma obra realmente muito organizadinha, tentaste enaltecer um país que estava quase em decadência quando terminaste a epopeia... Vai Fernando Pessoa uns séculos depois reavivar esse espírito de grandiosidade portuguesa da tua altura, mas também não se safou. Tu, Camões, porque ninguém te ligava pevas... até as Tágides não conseguiram auxiliar-te... Se perdias a inspiração a culpa também não era das ninfas. Se me inspiram os Lusíadas?! Pode ser que sim... que a antiga glória nacional e o Vasco da Gama me inspirem e me levem pra alto mar... Porque ficar no porto não dá com nada. Com Saramago, não quero ser a Blimunda... essa andou nove anos perdida à procura do seu homem, Baltasar...e nem o sol nem a lua lhe valeram no fim, na sua sétima passagem por Lisboa quando o pobre coitado já estava num auto-de-fé. Mas ao menos com o escritor, posso conseguir alguma irreverência que me afaste deste estado de pânico. "Felizmente há luar"... Não sei sou o D. Miguel Forjaz a demonstrar ao povo o terror que devem sentir se forem contra as suas políticas, conotando o luar com um espírito pessimista, se Matilde que vê no luar um símbolo de esperança e liberdade que inundará o povo a seguir e a lutar pelos seus ideais liberais tendo sido por eles sacrificado o General Gomes Freire de Andrade... A gramática confunde-me...que o léxico não me falhe e a semântica não me desiluda. Nas orações subordinadas nem tenho esperança; pode ser que os conectores adversativos e a sintaxe me ajudem. Este grande Tiago é que devia ser estudado... sabem o que quero?! Silêncio, Lua, Casa, Chão.

3 comentários:

Nice disse...

Depois deste magnífico resumo, tenho a certeza que vais fazer o exame com uma perna às costas!! ;) Beijinhos

C disse...

nas vésperas do meu exame de português li os dois primeiros livros do harry potter... é uma vergonha, bem sei, mas sai-me bem no resultado final. tinha passado o ano a deliciar-me com os heterónimos, com todos os autores...
espero que o exame te corra bem, fofinha!*

Ana disse...

É incrivel como se pode viajar, ser, imaginar taaaanto com a nossa língua, os nossos textos, a nossa gente. A-DO-REM o nosso Português! =)
Vamos misturar tudo isto e retirar só o bom? Eu era uma mistura de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Blimunda. Qualquer um dos três se encaixa em mim. Ou eu neles, nem sei.. Gosto. Mesmo. A herança da nossa Língua precisa de ser preservada.
E o Tiago.. Aim.. Esse será estudado daqui a uns anos. Tem q ser!! =p