Eu tenho um bocadinho do "salero gitano" das gentes minha fronteira... e isto consome-me... e como eu gosto!

E é este um dos meus pequenos prazeres de Outono, numa tarde cinzenta de Sexta, em Outubro.

Com o temporal destes dois últimos dias, a vontade que me dá, é ser a próxima fazer o mesmo que este grande querido do Fred Astaire fez... =)

Esta menina bonita vai continuar a trautear meio mundo porque vai seguir a vidinha dela como tem feito... mas acha que de vez em quando vale a pena ir relembrando isso, a força que ela própria tem, o quão bem se sente na sua pele. Se alguém lhe der a mão neste caminho, estará disposta a abraços fortes e sentidos, as usual.. =)

To Build a Home

Construir uma casa...
Ora vejamos.. uma casa tem um telhado, uma chaminé, quatro paredes, portas, janelas, escadas, corrimões, varandas, várias divisões, por vezes, cave, garagem e quintal...
Todos concordamos que precisamos de um sítio onde nos sintamos " mais melhor bem" do em outro sítio qualquer, agora, como é que eu torno isso tão personificável a algo tão frio como o que descrevi à pouco??
São as memórias que nos afagam o espírito e nos deixam soltar todo o ser da forma mais natural, daí nos sentirmos em casa. É dessas memórias, umas construídas a partir do chão, cheias de vigas e estrutura forte, com um telhado muito bonito, outras que começaram a crescer de qq maneira e que se aguentam até que outra casa venha, com um pouquinho mais de resistência e destrua a anterior de que tento personificar numa casa... As casas de vigas fortes e robustas, umas têm mais portas e janelas que outras.. são mais bonitas ou mais feias... deixam-me subir as escadas com maior ou menor dificuldade.
Também há casas que estão cheias, completas como um história com princípio, meio e fim... outras cheias de pó, estas talvez precisem de que a sua existência seja relembrada e que esse pó seja limpo para as voltar a tornar habitáveis, ainda existem aquelas em que o vento é o único inquilino delas porque todas as portas e janelas estão escancaradas... estas são das casas mais difíceis de tomar conta... têm demasiada vida própria, mas é talvez nestas que a vida saiba melhor.
Ainda existem casas com cave, escura, húmida e fria...uma cave tem sempre uma ligação ao andar superior, mas nem sempre se deixam subir essas escadas ou então não queremos nunca lá ir ver como a cave é; e as casas com garagem, lugares estes que parecem alheios à casa... parecem um apêndice, mas no fundo são também uma parte importante...

Para que servem todas estas casas??? Em qual delas costumo passar???

Na minha casa, queria ter um misto de todas, com tudo aquilo que possa existir... mas queria que fosse uma casa cheia de divisões para que eu não me aborreça entretanto e depois queira mudar com uma frequência tremenda... isso ou senão com apenas uma divisão na qual existirão tantas coisas boas que nunca me cansarei de encontrar coisas novas... Ainda não sei como é a minha casa... tenho-me talvez preocupado em colocar algumas vigas e a reparar algumas quedas de cimento, naturais no iniciar de uma grande obra...
É certo que já partilho a minha casa, tal qual pensão Estrela. É dessa partilha que a casa se vai construindo. Uns continuam a ajudar-me, outros já foram, uns vão e vêm, outros ficam pra sempre, outros hão-de regressar e outros de chegar pela primeira vez.
Chegará também um alguém que me ajudará a pintar e arrumar o interior dessa casa. A cuidar dos pormenores e o lugar de todos os móveis. A abrir e fechar janelas e portas.
Eu já tenho o início de uma casa.. a obra não tem um prazo... Alguém irá providenciar o fim quando assim tiver de ser. Até lá, seguirei suja do pó do cimento, com as luvas nas mão e ferramentas para trabalhar.